BIOÁUDIO
Um estudo realizado em São Paulo demonstrou que 5% das crianças deficientes que entram na escola chegam a terminar o ensino médio. A principal razão é a falta de preparação adequada do sistema de ensino. Assim, uma das maiores dificuldades para deficientes visuais, em termos de compreensão de uma matéria e a acessibilidade necessária para seus estudos, é o aprendizado da matéria de biologia. Isso pois, as escolas costumam usar elementos visuais para ensinar tal matéria abstrata e, por isso, foi criado o BioÁudio. Nosso aplicativo conta com transcrições em áudio de resumos sobre os principais segmentos de biologia. Nossa metodologia é baseada em analogias criadas para facilitar a compreensão dos diversos conceitos de biologia. Sua navegação é completamente acompanhada por orientações em voz na língua portuguesa, uma das 10 línguas mais faladas no mundo, nos dando a esperança de um grande ato de democratização da educação.
No sistema educacional, currículos sobrecarregados, conteúdos fragmentados e a falta de inter-relação entre eles, dificultam o aprendizado, principalmente, de estudantes com deficiência visual.
Apesar do professor do século XXI ser agente mediador no processo de ensino-aprendizagem (ROMANOSWISK, 2007), o despreparo de instituições de ensino desabilita estudantes. Os métodos convencionais pouco dinâmicos ( livros didáticos, aulas dependentes de recursos visuais como imagens, slides e quadro) são exclusivos, pois não levam em conta as especificidades de cada aluno.
Com a análise de estudo foi visto que a matéria considerada mais difícil é a biologia, por conta de seus conceitos abstratos e complexos. Assim, ela necessita de novas metodologias para a democratização da ciência e pesquisa.
Outro fator da exclusão é o alto custo das impressoras a braile, que são pouco presentes nas escolas públicas brasileiras apresentado na pesquisa AVAAZ.ORG petição da comunidade, o projeto BRAILLEON, que reivindica mais impressoras nas escolas. Atualmente, existem ferramentas de inclusão como leitores de tela, entretanto, a fala é robótica e sem entonação, dificultando a compreensão.
Na pandemia, os estudantes deficientes perderam o acesso aos materiais táteis e adaptados. Ademais, professores ainda têm dificuldade em manusear essas ferramentas, e dificilmente conseguirão adaptá-las para estudantes com deficiência visual.
Criamos um aplicativo para minimizar a defasagem educacional vivenciada por pessoas com deficiência visual, agravada na pandemia.
Dentro dele são encontrados conteúdos de biologia em: resumos; áudios; descrição de imagens; informações sobre as criadoras do projeto e questionários.
Além disso, há um leitor digital para guiar os alunos durante todo o uso do aplicativo.
Os resumos possuem uma metodologia de criação de histórias que fazem alusão a cenas e objetos do cotidiano, por exemplo, uma célula eucarionte é associada a uma casa e suas organelas aos cômodos. Assim, facilita a aprendizagem e a compreensão.
A narração feita pelas participantes são audíveis e menos robotizadas do que em um narrador automático.
As perguntas e alternativas são ditadas, facilitando também a identificação dos erros e acertos nas questões.
As ferramentas utilizadas foram: os resumos, feitos pelo Google Docs; áudios gravados pelas próprias participantes do projeto, através de aplicativos de gravar áudio; formulários de perguntas sobre os respectivos resumos, feitos pelo Google Forms; a programação foi feita pelo Thunkable e seu database no Airtable; o aplicativo Canva e o Tayasui Sketches foram utilizados para desenvolver a arte dos resumos.
O Bioáudio tem como seu público alvo: estudantes com deficiência visual de ensino básico, de todas as idades, que querem aprimorar seus conhecimentos em biologia e profissionais da educação que desejam melhorar as práticas pedagógicas em seu ambiente de estudo. Além disso, o projeto consegue expandir seus parâmetros de impacto pensando na questão pandêmica atual. Visto que estudantes com deficiência visual não possuem recursos de estudos em casa, assim, eles poderão utilizar o aplicativo para sua maior autonomia. Assim como professores, que poderão promover a tecnologia em sala enquanto utilizam de uma metodologia inclusiva e interativa. Além disso, estudantes que não possuem deficiência visual poderão utilizar o aplicativo, corroborando, assim, para a promoção do conhecimento biológico por meio de uma ferramenta gratuita e de fácil acesso para todos e todas.
- Support teachers and educational institutions with teaching and learning methodologies, tools, and resources that help develop future skills for students
De acordo com a Agência Brasil, o Brasil teve 5,1 milhões de jovens sem acesso à educação em 2020 e o acesso de deficientes visuais se tornou quase nulo. Dessa maneira, o BioÁudio se alinha com o Desafio TPrize pois traz metodologias acessíveis às instituições e professores despreparados para o ensino adaptado na América Latina. Por isso, o nosso aplicativo ajuda estudantes a aprenderem Biologia em qualquer lugar. Além disso, pode ser usado por educadores para ensinar instigante e inovadoramente. Portanto, com tecnologia e educação promoveremos os ODSs: 10 (Redução de desigualdade) e 4(Educação de qualidade).
- Prototype: A venture or organization building and testing its product, service, or business model.
O aplicativo do BioÁudio se trata de um protótipo, pois ainda estamos ampliando o nosso projeto em duas frentes: Internamente e externamente. Primeiramente, na questão interna, buscamos mais voluntários para criar os conteúdos e cuidar da manutenção do aplicativo. Já na frente externa buscamos, além do investimento necessário para que nosso aplicativo possa entrar no mercado, buscamos também ações de encorajamento do uso do aplicativo nas escolas por meio de uma política pública.
- A new application of an existing technology
Em 2020, escolas públicas brasileiras fecharam por mais de um ano, criando um impacto negativo para estudantes com deficiência visual. Antes, mesmo de forma escassa, havia a possibilidade de aprendizado de conceitos abstratos de Biologia através de materiais táteis. Diante dessa impossibilidade pandêmica, o BIOÁUDIO inova usando tecnologias para adaptar a forma com a qual o conteúdo é passado, quebrando as tradições metodológicas excludentes do ensino da Biologia.
Nesse sentido, nosso aplicativo apresenta podcasts didáticos designados para pessoas com essa demanda, usando estratégias de memorização a partir de histórias e exemplificações cotidianas.
Para ilustrar, propomos que imagine uma explicação da diferença entre o retículo liso e rugoso de uma estrutura celular. Por séculos, a explicação da Biologia é baseada no visual, sendo esperado um desenho de bolinhas para rugoso, e um desenho sem bolinhas para retículo liso. Estudantes que não podem ver o desenho, usam materiais táteis como solução: sentir a diferença de texturas tornava essa explicação muito clara. Mas e quando o estudante não pode sair de casa? Ficou um ano sem contato com a sala de aula? E se o aluno nunca teve acesso ao ensino por materiais táteis?
O BIOÁUDIO propõe que ele lembre da diferença de passar os dedos na mesa de jantar, e em um brigadeiro: situações que imediatamente recorrem ao que o aluno já conhece. Gerando, portanto, um impacto notável, uma vez que a metodologia clássica e excludente de ensino de uma matéria, agora poderá ser tangível para estudantes que necessitam de exemplificações adaptadas.
O BIOÁUDIO usa a tecnologia de programação básica de aplicativos para implementar uma solução educacional para problemas de acessibilidade no estudo da Biologia por pessoas com deficiência. Sendo assim, após a realidade a pandemia, alunos que antes se apoiavam em materiais táteis para a melhor compreensão de conceitos abstratos dessa ciência, se viram sem meios de entender ideias frequentemente representadas com figuras durante aulas online.
Além disso, vale ressaltar que a acessibilidade educacional no país nunca foi exemplar. Vivemos em uma realidade na qual apenas 26% das escolas públicas são acessíveis para alunos com deficiência, o que significa que provavelmente há um contingente enorme de alunos que nunca tiveram a oportunidade de aprender com materiais táteis, e hoje esse caminho está mais distante ainda. Também vale ressaltar que muitas escolas públicas brasileiras passaram o ano inteiro de 2020 sem nenhum ensino online, deixando alunos com deficiência sem nenhum apoio para seus estudos.
Diante dessa problemática, a tecnologia que o BIOÁUDIO usa serve para mitigar todas essas dificuldades. Criamos um aplicativo, tendo em mente que o smartphone é aparelho digital mais comum entre os Brasileiros; temos um fonte de dados ligadas ao Airtable, fazendo com que conteúdos do nosso aplicativo possam ser adicionados sem nenhuma atualização do app; os áudios do app podem ser pausados e continuados a comando do usuário; todos os áudios tem sua transcrição disponível do GoogleDocs; todas as matérias ensinadas são acompanhadas de quizzes feitos no GoogleForms com questões do ENEM com gabarito comentado.
O uso de aplicativos para fins educacionais, principalmente para preparação de pré-vestibulares, é uma tecnologia muito bem aceita. Alguns exemplos de aplicativos brasileiros que utilizam essa tecnologia (sem mecanismos de acessibilidade, mas usando aplicativos e questões) são:
- Prepara ENEM 2020
- Questões ENEM
- Estuda.com
- Redação Nota 1000
- SAE Questões
O nosso aplicativo tem sua tecnologia extremamente acessível para leitura de tela, e seu funcionamento é evidenciado por meio desse video. O vídeo usa leitura de tela acelerada por motivos unicamente demonstrativos, a ferramenta de leitura de tela é do próprio aparelho celular e é regulado a partir da preferência do usuário. O vídeo mostra que o leitor funciona em nosso aplicativo e que seus botões e ferramentas são acessíveis.
- Audiovisual Media
- Crowd Sourced Service / Social Networks
- Imaging and Sensor Technology
- Software and Mobile Applications
Não. O aplicativo foi idealizado e feito com o objetivo de ser fiel e não expor a privacidade de nenhum dos usuários. Desse modo, para acessar os materiais disponibilizados pelo aplicativo, não é preciso logar. Nada de senhas, emails e dados que, ao serem vazados, podem trazer prejuízos não só aos usuários, mas aos idealizadores também.
- Children & Adolescents
- Urban
- Low-Income
- Middle-Income
- Minorities & Previously Excluded Populations
- Persons with Disabilities
- Brazil
- Argentina
- Brazil
- Chile
- Colombia
- Paraguay
- Suriname
- Uruguay
- Venezuela, RB
Aproximadamente 10 estudantes com deficiência visual já estão utilizando o aplicativo na sua fase teste. Além desses, 10 estudantes sem deficiência visual também estão testando o aplicativo como parte da nossa análise de público alvo. Em um ano, esperamos que sirva todas as pessoas que preencheram o formulário e demonstraram interesse no aplicativo (aproximadamente 140 pessoas).
Ademais, um dos nossos objetivos é compartilhar o aplicativo no nosso Instagram que possui cerca de 300 seguidores. Almejamos que com nossas parcerias e o engajamento de nossa comunidade possamos atrair mais usuários. Estimamos que no próximo ano, mais de 800 estudantes com deficiência visual estejam utilizando a nossa plataforma para o ensino de biologia. Em seu segundo ano, o aplicativo já terá fechado parcerias com organizações e institutos para tanto se desenvolver melhor quanto para alcançar mais pessoas (usuários e voluntários). Assim, temos a expectativa de aproximadamente mais de 2000 usuários.
E nos terceiro, quarto e quinto anos, estipulamos um crescimento exponencial e o fechamento de uma parceria com a prefeitura que disponibilizará a plataforma em todas as escolas públicas do estado. E em breve, em todo o Brasil podendo atingir os 6.5 milhões de deficientes visuais em todo o país.
Para o próximo ano, pretendemos focar no quesito qualidade. Coletar relatos daqueles que já baixaram e usaram o aplicativo, analisá-los e remodelar nosso aplicativo e didática para o melhor aproveitamento dos deficientes visuais é a principal tarefa para 2022. Para isso, necessitamos que o aplicativo já esteja disponível ao público para baixá-lo, sendo esse motivo para que essa coleção de dados não tenha ocorrido ainda esse ano.
É provável que esses aperfeiçoamentos levam entre um a dois anos, e para que esta melhora seja observada dentro desse período de tempo, contaremos com nossa equipe de voluntários, tendo seu próprio segmento relacionado á buscar soluções de maneira mais criativa o possível. Visto que os deficientes visuais notaram a melhora do aplicativo, mudamos a estratégia para a quantidade.
Uma série de relatos e uma boa equipe de marketing conseguiria que em um ano, pelo menos um deficiente visual de cada região brasileira, e em dois anos, um deficiente em cada estado brasileiro. A equipe de marketing vai se manter trabalhando arduamente, mas nessa fase, perto dos 5 anos, voltaremos à etapa de qualidade. Focaremos parte dos nossos voluntários encarregados de buscar ações públicas para que nosso aplicativo esteja presente nas escolas. Essa investida ocorreria em escala estadual para nacional e levaria cerca de um ano para que uma ação fosse aprovada em pelo menos um estado brasileiro. Com isso, acreditamos que com esse planejamento possamos fornecer educação inclusiva de qualidade a 6.5 milhões de deficientes visuais.
Nós criamos um formulário no Google Forms para coletar dados de pessoas com e sem deficiência visual. Nele podemos observar que mais de 40% das pessoas que responderam sobre estudar em uma escola/instituição inclusiva, afirmaram não haver nenhum tipo de medida usada para inserir esses jovens no meio acadêmico e profissional. Dessa forma, nós medimos o nosso progresso através das opiniões recebidas na pesquisa de opinião e no Instagram.
Recebemos feedbacks positivos pelo formulário, como por exemplo: "Amei a ideia do projeto, achei super inclusivo e espero que esteja incluída no mercado educacional o mais breve possível!".
Além disso, o Instagram nos ajuda a saber se o público aprova ou não o nosso trabalho. Obtivemos diversas críticas construtivas, com isso nós agrupamos esses feedbacks em uma espécie de "banco de dados", uma pasta no Google Drive, onde podemos analisar cada comentário, a fim de avaliarmos quais medidas podemos tomar para trazer cada vez mais inclusão, principalmente aos alunos de escolas públicas, que não possuem acesso a um ensino de qualidade.
Assim, analisamos os dados para melhorarmos cada vez mais, já que através das sugestões obtidas podemos investir em melhores condições de uso do aplicativo. Uma de nossas ideias é incluir novas matérias no aplicativo, pois a demanda para desenvolvermos mais conteúdos foi alta.
Portanto, buscamos trazer uma educação que seja diferencial, através do alcance de um grupo invisibilizado pela população, visto que a educação é um direito de todos.
- Nonprofit
- Individual consumers or stakeholders (B2C)
Para alcançarmos nossos objetivos ideais, a educação brasileira precisaria ser mudada como um todo. Os professores precisariam ter capacitação suficiente para dar aulas para pessoas com deficiência; as escolas precisariam disponibilizar suportes compatíveis com a necessidade dos alunos, investir em infraestrutura nas instituições, entre outros. Mas ainda que essas mudanças não sejam tiradas do papel, o Bioaudio traz uma solução inovadora, alinhada com a tecnologia, para lutar por um ensino digno.
Por isso estamos nos inscrevendo no TPrize, pois acreditamos que através do suporte dado por meio auxílio monetário seremos capazes de expandir o projeto a escolas não só do Rio de Janeiro, mas de outros estados e países.
Com o acompanhamento personalizado poderíamos obter parcerias com outras instituições para alavancar o projeto. Além de termos contato com especialistas da área, o que facilitaria a conclusão das nossas metas a longo prazo. Tal suporte ajudará a solucionar de maneira efetiva nossas problemáticas.
Logo, ganhar o prêmio não significa que nós somente somos vencedores, significa que podemos mudar a vida de muitos estudantes com deficiência visual, que merecem ter seus direitos reconhecidos por meio de uma educação equitativa. Podemos ser a porta de entrada para que consigam conquistar vagas em universidades e oportunidades de emprego, diminuindo assim as disparidades sociais.
- Human Capital (e.g. sourcing talent, board development, etc.)
- Public Relations (e.g. branding/marketing strategy, social and global media)
- Monitoring & Evaluation (e.g. collecting/using data, measuring impact)
- Product / Service Distribution (e.g. expanding client base)
- Technology (e.g. software or hardware, web development/design, data analysis, etc.)
Como nossa proposta é promover inclusão e facilidade aos deficientes visuais na educação através de aplicativo de áudio, queremos tornar cada vez mais abrangente a todos, já que materiais em braile não são muito acessíveis e presentes nas escolas por terem um alto custo. Então, o BIOÁUDIO utilizou a tecnologia como ferramenta para não depender do conteúdo tátil, porém é necessário fazer parcerias com Institutos de Educação, como o Instituto Benjamin Constant especializado em educação inclusiva, assim como o Instituto Rodrigo Mendes, para que seus alunos sejam voluntários e utilizem o aplicativo. Além disso, com empresas de marketing para divulgar o App por meio de propagandas, como a TV Alerj -que tem foco direcionado à educação- para fazer com que ele atinja o maior número de pessoas que o utilizam como forma de complementar o estudo. Ademais, seria importante fazer parcerias com editoras de livros didáticos, como a Moderna, para levar livros adaptados para dentro da sala de aula, já que é um problema recorrente ou propor que mais matérias façam parte do aplicativo, e assim, com que ele se torne mais completo, mais acessível e utilizado.