Projeta Açao Urbana design trançado reciclado
Esta proposta busca reduzir a quantidade de sacos e sacolas de plástico que são descartados indiscriminadamente nas cidades brasileiras e que muitas vezes terminam atingindo corpos d'água desde as galerias pluviais, entupindo os sistemas de drenagem das cidades até rios, lagoas e mares.
Propõe-se um conjunto de ações para a reintrodução deste plástico descartável, sem possibilidade de reciclagem industrial, numa nova cadeia produtiva de economia circular.
No Brasil são distribuídas cerca de 1,5 milhão de sacolinhas por hora, como divulgou o Ministério do Meio Ambiente. Portanto chega-se a 13 bilhões de sacos plásticos por ano. Algumas ações foram feitas por prefeituras que proibiram sua distribuição, entretanto essa não é a regra na maior parte do território brasileiro. Esta situação fica mais agravante quando somamos o fato de que a coleta seletiva também não existe na maioria dos municípios. Esta situação não é diferente nos demais países da América Latina e Caribe.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, 56% do lixo plástico produzido no país é formado por embalagens plásticas que foram utilizadas apenas 1 vez. 1 milhão de sacos plásticos é consumido no mundo por minuto, ou seja, 1,5 bilhão por dia e 500 bilhões por ano. As sacolas de plástico tardam 450 anos em se decompor.
No Brasil, há de se considerar ademais, a ausência de coleta seletiva na maioria das cidades brasileiras e o fato de que 1 bilhão de sacolas de plástico são distribuídas nos supermercados mensalmente. Toda a população brasileira de alguma maneira é afetada por esta produção e consumo indiscriminado.
O baixo custo de produção da sacola de plástico, a praticidade do uso descartável e a oferta indiscriminada das sacolas como forma de embalagem nos comércios aliada a uma pouca consciência ambiental de uma parte expressiva da população faz com que seja muito difícil reunir os índices apresentados acima. Considerando estes dados, a proposta busca agregar valor as sacolas de plástico, facilitar o descarte correto, gerar renda, criar uma sobrevida útil ao material a partir da criação de novos produtos e fomentar consciência ambiental na população envolvida n a proposta.
A proposta que agora apresento já foi parcialmente testada dentro do projeto de cooperação internacional que realizei para Arquitetos sem Fronteiras - Catalunha/Espanha, no povoado de Tiémélékro, na Costa do Marfim em 2007. Ou seja, a questão do uso indiscriminado de sacos e sacolas de plástico e a busca de soluções para minimizar seus impactos vem desde este trabalho lá realizado.
Naquela oportunidade, o plástico foi coletado das ruas e partir de técnicas de trançado de cabelo, ele foi trançado e transformado em brise-soleil na cantina da escola que construimos. A técnica do trançado do plástico descartado possibilitou a criação de um novo produto, aumentando a vida útil do material, ressignificando seu uso e agregando valor, permitiu a contratação e capacitaçao das mulheres do povoado na produção do novo objeto gerando renda e criando uma nova cadeia produtiva partir do descarte. Este projeto foi premiado pela Generalitat da Catalunha dentro do Concurso 'Design para el Reciclaje'.
Para a proposta agora apresentada, essa experiência se amplia e se diversifica nas ações a fim de fortalecer e ampliar a cadeia produtiva, além de se adaptar a realidade da sociedade brasileira e também latino-americana.
1ª etapa:
A ação começa com uma campanha institucional de difusão acompanhada de uma campanha porta-a-porta de troca: a cada 5 sacolas de plástico entregue, o participante recebe um grupo de sementes ou muda para elaboração de uma horta doméstica ou urbana. Essa ação de porta-a-porta tem no primeiro momento, o objetivo de gerar uma adesão ampla da população, motivada pelo princípio da troca e posteriormente, seu objetivo é criar uma relação de compromisso da população com o descarte correto das sacolas e, paulatinamente, um compromisso ambiental. Ademais, as visitas periódicas terão como objetivo fomentar a produção de hortas domésticas e urbanas. Neste âmbito, desdobra-se a ação e, de maneira complementar, se poderá realizar oficinas nos bairros, associações ou escolas auxiliando a população na produção de hortas tanto na escala doméstica como urbana. A troca das sacolas de plástico por sementes ou mudas tem como objetivo incentivar a alimentação saudável, mas também promover outras práticas derivadas como o reaproveitamento dos resíduos orgânicos para produção de adubo, o plantio de alimentos de consumo cotidiano, a difusão de alimentos menos conhecidos, gerar atividades em familia e grupo e, já numa escala mais urbana, fomentar o arraigo aos bairros e fortalecer relações de vizinhança, que tornam a cidade mais acessível, amável e democrática.
2ª etapa:
O plástico coletado, a partir do trabalho de arquitetos e designers associados ao projeto e das cooperativas públicas ou privadas participantes, que prioritariamente deverão ser compostas por população em situação de vulnerabilidade, desenvolverão objetos para uso cotidiano a partir do plástico trançado. O trançado é uma técnica que permitiu na experiência da Costa do Marfim, utilizar uma enorme quantidade de plástico descartado e, ademais, gerou um material de alta resistência tanto para o uso cotidiano como com relação a exposição as intempéries.
O objetivo destes objetos não é se tornarem exclusivos ou de 'grife', mas objetos para uso cotidiano, para produção em escala e custo acessível com design de qualidade, que gere renda para toda a cadeia produtiva, desde os cooperados até arquitetos, designers, lojistas e marcas participantes, criando uma nova cadeia produtiva de valor agregado. No âmbito cultural e simbólico, há o fomento da aplicação de técnicas de trançado utilizadas pelos diferentes povos do continente. Resgatar e ressignificar as técnicas de trançado que estão presentes nas culturas européia, indígena e africana, conformardes da sociedade latino-americana fortalece as identidades locais buscando uma medida justa entre tradição e inovação.
- Reduz plásticos e resíduos de uso único, promovendo mudanças no comportamento do consumidor e incentivando o reuso e a reciclagem
- Permite que o setor público, especialmente os municípios, possam realizar testes e implementar sistemas novos e inovadores em sua gestão de resíduos
- Protótipo
A inovação consiste em criar valor agregado a um elemento (as sacolas de plástico) que já não tem a capacidade de serem recicladas industrialmente e possuem uma produção e consumo em grande escala, impactado negativamente na sustentabilidade do planeta. Ressignificar seu uso, agregando valor comercial e ambiental, ademais de criar uma nova cadeia produtiva, geradora de renda para diversos setores, incluindo a população em situação de vulnerabilidade também converte a proposta em inovadora. Ademais, associa-se através da troca, o fomento das hortas domésticas e urbanas, agregando um novo âmbito de valores que impactam nos hábitos de alimentação saudável, fortalecimento dos vínculos sociais e arraigo ao território.
Há numerosas ações em várias partes do planeta que buscam desde ressignificar, normatizar, reciclar como erradicar o uso das sacolas de plástico. A diversidade de iniciativas denotam a importância e a urgência de se buscar alternativas ao material, ao descarte de uso único, a falta de consciência coletiva diante das questões ambientais. A dificuldade de erradicação do seu impacto negativo em escala global, reforça o viés ao qual a proposta apresentada busca se somar, que é de gerar um novo ciclo de vida útil às sacolas e criar uma nova cadeia produtiva de valor agregado. Na época de implantação do projeto em Tiémélékro, Costa do Marfim, pode-se observar na pequena escala, os seus efeitos imediatos com relação a diminuição da quantidade de plástico existente nas ruas e também na geração de renda para um grupo de alta vulnerabilidade social e de exclusão econômica: as mulheres. Ao introduzir as mulheres na obra, deu-se imediatamente impacto positivo na economia local, uma vez que, a diferença dos homens, elas apostaram por consumir bens duráveis como colchão, tecidos e eletrodomésticos ou contratar outras mulheres para produção de vestuário para a família e até mesmo a compra de material de construção para melhoria de suas casas. A economia local imediatamente percebeu o ciclo virtuoso que aquela ação pontual tinha gerado. Ademais, repercutiu numa breve, mas importante independência econômica e no empoderamento das mulheres do grupo que tinham acabado de criar um novo produto num nicho profissional quase que exclusivamente masculino.
- Terceira idade
- População rural
- População urbana
- População carente
- Baixa Renda
- Classe média
- Minorias / Populações que já foram excluídas
- Refugiados / Pessoas Deslocadas Internamente
- Pessoas com deficiência
- Formuladores de políticas/governo
- Empresários
- Brasil
- Brasil
1. Em 2007 quando a experiência do plástico trançado foi realizada, gerou emprego direto para 40 mulheres e reduziu o descarte de plástico num povoado de 20mil habitantes
2. na ação proposta, se buscará num primeiro momento ter aproximadamente 200 pessoas diretamente beneficiadas (contratadas) entre sensibilizadores porta-a-porta e produção dos objetos a partir do plástico trançado. A ação se propõe no município de Santo André (SP) que possui aproximadamente 800 mil habitantes.
3. Pretende-se organizar grupos para o porta a porta, em média com 40 pessoas em cada uma das 7 cidades, num total de 360 aproximadamente. Para as cooperativas podem contar com media de 100 participantes em cada cidade. O objetivo é prioritariamente alcançar as 7 cidades do Grande ABC, com uma população estimada de 2 milhões de habitantes.
Durante o processo de implantação do projeto na Costa do Marfim, percebeu-se simultaneamente dois impactos positivos: primeiramente, para a produção das janelas necessitou-se uma grande quantidade de sacolas de plástico para a confecção do trançado, fazendo com que muito do plastico que estava presente nas ruas fosse recoletado, modificando assim, a paisagem local num curto período de tempo. O outro impacto positivo imediato foi a constatação da possibilidade de um novo uso para um material descartado. Ademais, ao se agregar valor, observou-se a possibilidade de uma nova atividade econômica a partir da criação da técnica do plástico trançado. Assim sendo, os impactos ambientais e econômicos foram imediatamente percebidos. Os impactos sociais da ação se centraram na introdução das mulheres no canteiro de obras e impactos na economia local provenientes do seu empoderamento.
O objetivo para o próximo ano é estruturar a estratégia de comunicação, organizar os diferentes parceiros potenciais para trabalhar conjuntamente nas diferentes etapas da proposta e iniciar o porta-a-ports em pelo menos 5 bairros da cidade de Santo André. Elaborar junto a designers e arquitetos associados pelo menos 2 produtos que utilizem a técnica do plástico trançado. Iniciar junto as cooperativas a capacitação dos cooperados no manuseio do material e conhecimento da técnica.
Para os próximos cinco anos é ampliar a escala das ações, ou seja, ampliar o porta-a-porta para as demais cidades do ABC, aumentar a linha de produtos e o número de colaboradores associados, chegando nas 7 cidades do Grande ABC.
O arranjo institucional, assim como os potenciais colaboradores entre arquitetos, designers e cooperativas já se encontram identificados. O maior impedimento para a implementação da ação no Grande ABC é a ausência de financiamento de projeros com este perfil.
- Planejo expandir a implementação da minha solução para a América Latina e o Caribe
- Híbrido con fines de lucro y sin fines de lucro
para esta solução, a equipe contará com 5 contratados externos, além dos contratados para o porta-a-porta.
Não conseguirei responder a todas as perguntas, mas estou enviando a solução. Se puder responder além do prazo ficarei imensamente feliz.
doutora em projetos arquitetônicos